Cassiano ricardo Leite
"O pássaro fugiu, ficaram-me as penas
da sua asa, nas mãos encantadas.
Mas, que é a vida, afinal? Um vôo, apenas.
Uma lembrança e outros pequenos nadas.”
(“Ficaram-me as penas”, Cassiano Ricardo)
Cassiano Ricardo Leite nasceu em 26 de julho de 1895, na cidade de São José dos Campos, localizada no Vale do Paraíba. Filho de Francisco Leite Machado e Minervina Ricardo Leite, foi um grande poeta, jornalista, advogado e ensaísta que teve grande contribuição para a cultura brasileira do século XX e, consequentemente, para a atual.
Desde cedo mostrou desenvoltura e engajamento para a escrita: aos 12 anos fundou a revista “Íris”, em sua cidade de nascimento e, 4 anos depois, publicou seu primeiro livro de poesias :“Dentro da Noite”. Em 1917, concluiu o curso de Direito no Rio de Janeiro, o tendo começado em São Paulo e lançou a obra “A Flauta de Pan”, marcada por características parnasianas e simbolistas e um aspecto lírico-sentimental. Em 1922, contudo, envolveu-se com as causas modernistas e fez-se um dos líderes da Semana da Arte Moderna, de modo que uma de suas principais atuações se deu no grupo Verde Amarelo (1925), fundado por Plínio Salgado e, posteriormente, na continuação deste : o grupo Anta (1929).Foi a partir desse momento que o poeta passou a explorar ainda mais as temáticas nacionalistas, dando enfoque ao ufanismo.
Na carreira como jornalista, fundou inúmeras revistas ,como por exemplo : Novíssima (dedicada ao modernismo ), Planalto e Invenção. Além disso, trabalhou como redator e dirigiu jornais como o Correio Paulistano e A Manhã entre os anos 20 e, aproximadamente, a metade dos anos 40. Dentre seus trabalhos em jornais, destaca-se sua atuação no jornal O Anhanguera, o qual defendia os ideais do movimento A Bandeira, proposto pelo próprio Cassiano Ricardo, Cândido Mota Filho e um colega que fora também participante do Verde-Amarelismo : Menotti del Picchia.
Em contraposição ao Integralismo, a proposta dos intelectuais era a busca por um modelo de governo e política originais brasileiros, afastando-se assim de padrões estrangeiros impostos, sobretudo os europeus. Ademais, esse apoiava a figura de Getúlio Vargas , o que rendeu aos membros do grupo, cargos em funções públicas com a chegada do Estado Novo. Nessa mesma época, no dia 9 de setembro de 1937, Cassiano Ricardo foi eleito para a cadeira n°31 da Academia Brasileira de Letras.
A partir do lançamento do livro “O sangue das horas “ em 1943, o autor deu início a uma diferente fase de sua escrita, marcada por, de acordo com a Academia Brasileira de Letras, um “lirismo introspectivo-filosófico”. Entre as décadas de 1950 e 1960 foi diretor do Escritório Comercial Brasileiro em Paris e envolveu-se com o Concretismo e Praxismo, novas vanguardas emergentes da época.
Em 14 de janeiro de 1974, veio a falecer no Rio de Janeiro. Hoje, 44 anos após sua morte, ainda é possível ver seu legado, as “penas “ deste que foi um dos pássaros mais importantes para o desenvolvimento cultural ,não apenas do Brasil ,mas principalmente da cidade de São José dos Campos. Como resultado de “Uma lembrança e outros pequenos nadas”, criou-se na cidade , em 1985, uma instituição cultural mais autônoma, a qual recebeu o nome de Fundação Cassiano Ricardo e que desde então tem promovido diversos eventos que estimulam a expressão da arte e da cultura.